Estamos em Barcelona,
no início do século XX, acompanhando a doença do fracasso escritor David
Martín, que agora vive em um enorme casarão vazio. Ainda não a conhece direito.
Não sabe o que está escondido atrás das portas, ou não conhece os rostos nos
porta-retratos antigos. Mas é ali, que David começa a escrever em uma velha,
mas boa máquina de escrever, o seu próximo romance.
David vivera com o pai,
que o proibia de ler, mas ganhou ajuda do Sr. Sempere da livraria que nem
sempre cobrava pelos livros que o menino ali pegava. Após a morte do seu ultimo
familiar, começa a trabalhar e um de seus empregos é em um famosa coluna de um
jornal, onde cria seu primeiro romance, A Cidade dos Malditos, que nem mesmo
seu nome é revelado, apesar do enorme sucesso.
Após tirar um período
de férias, adoecido em sua mansão, tenta em vão escrever seu romance, na velha
máquina de escrever, ao mesmo tempo que ajuda no livro de seu melhor amigo
Pedro, onde nem mesmo ele sabia a respeito da ajuda. No fim das contas, sua
obra é recusada e esculachada pela crítica, enquanto a do famoso Pedro, seu amigo
e protetor é aclamado pela mídia.
Mas David fez isso por
amor. Um amor que não foi correspondido, assim como o seu caráter rebaixado
pelo único amigo e desprezado pelas criticas, intitulando-o uma cópia mal feita
e assim, vê seu mundo ruir debaixo de seus pés.
Angustiado, recebe
ajuda do Sr. Sempere e conhece o Cemitério dos Livros Esquecidos e lá encontra
um livro. Lux Aeterna, cujo altor tem as mesmas iniciais de seu nome. D.M. E o
que era mais intrigante. Fora escrito naquela mesma casa, por aquela mesma
máquina de escrever.
“Isaac deu de ombros. –
Há quem prefira acreditar que é o livro que escolhe a pessoa...’’
É então que Martín
conhece Andreas Corelli, diz-se editor, e o promete a imortalidade, pedindo em
troca apenas que escrevesse um livro. Um livro. Uma religião. Onde as pessoas
vivessem e morressem por ela.
“-Quando criança, durante alguns meses queria ser Esopo. - disse
- Todos nós abandonamos grandes esperanças pelo caminho.
- E o que desejava ser quando criança, Sr, Corelli?
- Deus”
Dessa forma, David é
milagrosamente curado de sua doença, após um sonho escuro com uma aranha que
lhe saía pela boca. E ao longo de seu percurso, tenta ajudar seus amigos,
salvar a livraria que tanto amava e ao mesmo tempo, descobrir a razão de ser o
escolhido de Andreas Corelli e a respeito do assassinato que o ronda. O assassinato
que ronda Lux Aeterna e o autor D.M.
Num jogo de intrigas, mistério
e romance, Carlos Ruiz Zafón
conta mais um capítulo que segue a novela anterior, A Sombra do Vento, sendo quatro
novelas ambientadas na misteriosa e gótica Barcelona.
Publicado
na Espanha em 17 de abril de 2008 bateu o record de vendas com mais de um
milhão de exemplares na primeira tiragem, sendo sua primeira tradução publicada
no Brasil e logo após espalhado por diversos países;
O
livro pode ser resumido em apenas um palavra:
Magnifico!
Vale
a pena conferir e para finalizar, deixo aqui a parte que eu mais gosto e tenho
certeza, te convencerei a ler:
‘’Seu sorriso de chacal apagou o meu
instantaneamente.
— Martín, as fábulas talvez sejam um dos
mecanismos literários mais interessantes que já se inventou. Sabe o que elas
ensinam?
— Lições de morais?
— Não. Ensinam que os seres humanos aprendem e
absorvem idéias e conceitos através de narrativas, de histórias, e não de
lições magistrais ou discursos teóricos. Esse mesmo ensinamento é transmitido
por qualquer texto religioso. Todos eles são relatos de personagens que
enfrentam a vida e superam obstáculos, figuras que embarcam numa viagem de
enriquecimento espiritual através de peripécias e revelações. Todos os livros
sagrados são, antes de mais nada, grandes histórias cujas tramas abordam os
aspectos básicos da natureza humana, situando-os num contexto moral e no limite
de determinados dogmas sobrenaturais. Permiti que passasse uma semana miserável
lendo teses, discursos, opiniões e comentários para que percebesse por si mesmo
que não há nada a aprender com eles, pois de fato não são mais que exercícios
feitos de boa ou má vontade, que normalmente não dão em nada. Acabaram as
conversas de cátedra. A partir de hoje, quero que comece a ler os contos dos
irmãos Grimm, as tragédias de Ésquilo, o Ramayana e as lendas celtas.
Pessoalmente. Quero que analise o funcionamento desses textos, que destile sua
essência e a forma como provocam uma reação emocional. Quero que aprenda a
gramática, não a lição de moral.
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